A inteligência artificial generativa está potencializando a análise jurídica

Imagina quando a advocacia chegar perto de deixar de ser uma atividade de meio e não de fim ou de resultado. Será que isso é possível?

O problema até pouco tempo atrás é que a análise de dados tradicional dependia muito de dados estruturados e modelos predefinidos, exigindo esforço manual significativo para identificar padrões e extrair insights.

Porém, em 2025, estamos vendo a inteligência artificial generativa revolucionar o campo da análise jurídica ao auxiliar advogados em tarefas que vão desde a definição de honorários até a pesquisa técnica para casos complexos.

IA Preditiva x IA Generativa

É importante lembrar que a IA Generativa chegou ao conhecimento do mundo apenas em novembro de 2022, com o lançamento do ChatGPT, mas a IA Preditiva já existia há um bom tempo e inclusive já era usada no direito.

A IA preditiva já era um avanço se comparada à análise de dados tradicional, mas além de ser extremamente cara, era confinada a algoritmos específicos adaptados para tarefas particulares e frequentemente exigia configuração e personalização consideráveis.

Veja o caso, por exemplo, do escritório Urbano Vitalino que em 2017 investiu mais de R$ 800 mil para construir uma ferramenta de IA interna com o Watson da IBM.

A IA generativa representou um salto significativo à frente.

Ao contrário das anteriores, a IA generativa pode processar dados não estruturados, incluindo textos, emails, correios de voz e vídeos, oferecendo uma visão mais abrangente e diferenciada de questões jurídicas.

Sua análise pode ajudar a prever diversos cenários, de resultados de casos a custos jurídicos futuros, tudo no formato de conversa.

Ao invés de ser limitada a um número finito de relatórios de análise de dados, a IA generativa pode mergulhar mais fundo nos dados para obter insights específicos para as necessidades do seu caso.

Essa capacidade melhora a precisão das previsões de resultados e também descobre riscos e oportunidades potenciais que podem permanecer ocultos com análises tradicionais.

Esse gerenciamento de risco aprimorado permite a identificação antecipada de problemas potenciais, prevenindo litígios caros e custos de acordo.

Usos para IA generativa

O ideal que é os advogados usem IA generativa e preditiva para auxiliar em uma variedade de objetivos distintos.

Na estratégia do contencioso, a IA generativa pode analisar casos e resultados passados para ajudar a construir uma nova abordagem, mais eficiente.

As informações obtidas podem ser usadas para personalizar as soluções ou fazer atualizações proativas em razão de mudanças na legislação.

Ao prever as necessidades e preferências do cliente, a IA generativa pode melhorar as taxas de satisfação e retenção.

A IA generativa também pode ser usada para prever como os juízes podem decidir.

Por exemplo, alguns escritórios de advocacia estão criando GPTs personalizados modelados a partir de juízes específicos, carregados com suas decisões judiciais.

Ao simular os padrões de tomada de decisão de juízes específicos, os advogados podem prever melhor o que pode acontecer e adaptar seus argumentos de acordo.

Algumas ferramentas como a Jus.IA, da JusBrasil e o ChatDL da Data Lawyer, são capazes de ajudar o advogado a fazer uma petição baseada na jurisprudência predominante sobre cada tópico da peça e aumentar suas chances de êxito ao usar os argumentos mais aceitos pelos juízes.

Essa capacidade também permite analisar e antecipar os movimentos do advogado adversário para desenvolver estratégias mais robustas, levando, em última análise, a melhores resultados na prática.

Enquanto muitos escritórios estão parados e preocupadas com a confiabilidade e precisão da IA generativa, essas ferramentas podem melhorar a conformidade regulatória ao monitorar e analisando as regulamentações que estão em constante mudança.

Já existem ferramentas de IA, como a Sogi Legis, que rastreia automaticamente atualizações de órgãos reguladores, monitora mudanças na legislação e sinaliza para o advogado.

Ou, os advogados podem usar a IA para analisar seus documentos e procedimentos existentes para garantir que estejam alinhados com as exigências legais mais recentes.

Esse monitoramento proativo ajuda os escritórios a permanecerem em conformidade, reduzir o risco de violações legais e fornecer aconselhamento adequada aos clientes sobre mudanças regulatórias que possam afetar seus negócios.

Vantagens adicionais da IA generativa

Nem todas os advogados se sentem confortáveis usando IA generativa, mas a economia na força de trabalho por si só justifica seu uso por todos os escritórios, se eles entenderem como adotar o uso da IA generativa de forma eficaz.

Uma das recomendações, por exemplo, é aprender e treinar as técnicas de engenharia de prompts. Essas técnicas, comprovadas cientificamente, melhoram os resultados obtidos com as ferramentas de I.A., aumentando a sua produtividade e precisão.

A IA generativa é capaz de fornecer insights e previsões usando dados históricos do próprio escritório ou outros dados disponíveis, como dados judiciais.

Ela pode inclusive ser utilizada no planejamento estratégico da banca e analisar se o escritório deve ou não adicionar novas áreas de prática, com base nas tendências de mercado.

Recentemente vi uma notícia nesse sentido, de um escritório que criou uma nova área ao ter a visibilidade na jurimetria do aumento de ações judiciais envolvendo um determinado tema.

A retenção de clientes pode ser melhorada, pois embora os clientes não façam questão de ter um advogado que usa IA ou não, mas todo cliente prefere permanecer com escritórios que oferecem serviços jurídicos eficientes, inovadores, econômicos e confiáveis.

Por fim, ao melhorar a precisão das previsões de resultados, a IA generativa ainda reduz a probabilidade de erros jurídicos pelos advogados.

Lembra da questão de "atividade meio" ou "atividade de resultado"? Como um advogado justificará a propositura de uma ação judicial que, segundo a jurimetria, tem apenas 2% de chances de êxito nos tribunais?

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De acordo com um relatório do Goldman Sachs, mais de 44% das tarefas jurídicas podem ser automatizadas por IA, economizando tempo e dinheiro dos escritórios.

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Mauro Roberto Martins Ju