Na última semana, o Facebook anunciou a mudança do seu nome para Meta, referência ao conceito de Metaverso que é o novo objetivo da empresa.
Porém, você sabe o que é o Metaverso? E sabe como ele impactará o Legal Design?
Nesse artigo vou te explicar esse conceito e essa relação.
Vamos lá?
O que é o Metaverso?
O Metaverso é o próximo capítulo da internet.
Porém, ao invés do acesso ser feito pelo celular ou em um computador com monitor e teclado convencionas, o Metaverso será como um universo virtual onde as pessoas vão interagir entre si com o uso de avatares.
Será a internet 3D!
Você já assistiu o filme Jogador Nº 1? Se não, assista. Além de muito legal, ele é uma excelente representação do que será o Metaverso. (clique aqui para assistir ao trailler do filme!)
Em outras palavras, o Metaverso será uma internet imersiva e interoperável, onde a comunicação, a diversão e os negócios serão feitos em uma simulação digital do nosso mundo real.
Como o Metaverso impactará o Legal Design?
Se esse é o seu primeiro contato com o tema Legal Design, vou te explicar em poucas linhas o que ele é.
O Legal Design é uma abordagem que adaptou o Design Thinking para o mundo do direito, de forma a nos ajudar a projetar serviços e sistemas jurídicos mais humanos, úteis e satisfatórios.
Em outras palavras, é deixar de fazer o direito por fazer e colocar as pessoas no centro de toda solução jurídica para, com empatia, criatividade, prototipação e testes, alcançar a solução mais eficiente para o problema.
Bom, e como o Metaverso vai impactar o futuro do Legal Design?
Eu vejo dois impactos principais: (i) um novo campo; (ii) uma nova forma de trabalhar
O Metaverso como um novo campo para o Legal Design
O que o Legal Design está fazendo hoje é tirar o direito que estava estagnado e parado na sociedade dos anos 1980 e trazê-lo para o Século XXI.
O que eu quero dizer com isso?
Eu quero dizer que os advogados tradicionais projetam seus serviços jurídicos como se as pessoas ainda vivessem em 1980, ou seja, lendo as coisas em papel, fazendo ligações por telefone e reuniões presenciais.
Eles desconsideram tudo o que foi inserido na sociedade desde os anos 1990 para cá. Ainda estão na era da máquina de escrever e da TV de tubo.
Eles não pensam que as pessoas, hoje, leem muito mais em uma tela do que em papel impresso. A chance do seu contrato, regulamento, política ou peça processual ser lido em uma tela de computador ou até mesmo no celular é infinitamente maior do que achar que a pessoa irá ter o trabalho de imprimi-los para ler.
Porém, qual advogado projeta seu documento pensando nisso? Pouquíssimos.
Com o Metaverso, isso irá piorar.
Porque nessa internet 3D imersiva, as pessoas também farão negócios, compras, vendas, aceite de termos de uso e política de privacidade.
Ou você acha que a Nike também está investindo no Metaverso só para fazer marketing?
Não! Eles vão vender tênis e outros produtos para o seu avatar! Tanto tênis virtuais, para o seu avatar ficar mais legal, quanto tênis reais, que chegarão na sua casa.
Portanto, os Legal Designers precisarão fazer uma nova adaptação dos serviços e sistemas jurídicos para esse novo mundo que está começando, o mundo dos avatares.
Como será que você assina um contrato no Metaverso? Será que um advogado poderá ter um escritório virtual no Metaverso e oferecer seus serviços por lá? Será que podemos fazer aulas e treinamentos no Metaverso? Será que teremos tribunais virtuais no Metaverso? Que tal um depoimento, oitiva de testemunha, audiência e até julgamentos no Metaverso?
Instigante, não?
Aliás, essa questão do encontro de pessoas no Metaverso é o segundo grande impacto que teremos no Legal Design.
O Metaverso como uma nova forma de trabalhar no Legal Design
De acordo com Tim Brown, CEO e presidente da IDEO, a maior e mais famosa consultoria em Design Thinking do mundo, a melhor forma de trabalhar essa abordagem é tendo o grupo no mesmo lugar, pois é muito mais desafiador quando contribuições críticas são necessárias de parceiros dispersos ao redor do mundo.
Ele seu livro Design Thinking, uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias, Brown afirma:
“Equipes criativas precisam ser capazes de compartilhar seus pensamentos não apenas verbalmente, mas também visual e fisicamente.”
De fato, durante a pandemia nós pudemos perceber que mesmo com o uso de ferramentas como Zoom, Teams, Google Meeting e até do Gather, que é um pouco mais lúdica, ainda não temos a mesma experiência de estarmos reunidos no mesmo lugar.
Como Brown diz:
“Ainda não ouvi falar de uma ferramenta de colaboração remota capaz de substituir a troca de ideias em tempo real.”
Porém, com o Metaverso, isso mudará.
Com seus avatares, os participantes de uma sessão de brainstorming de um projeto de Legal Design poderão interagir entre si da mesma maneira que fariam se estivessem numa mesma sala, embora possam estar cada um em um canto do planeta.
Já imaginou a escala que pode surgir disso?
O Legal Design, assim como o Design Thinking, bebe da água da criatividade que, por sua vez, é alimentada pelas chuvas da interdisciplinaridade. Traduzindo: quanto maior a diversidade das pessoas do grupo, mais ricas as ideias trazidas.
Assim, podendo contar com pessoas de diferentes lugares do mundo, raças, religiões, culturas, realidades, situações sociais e econômicas, mais abrangentes, completas e eficientes serão as soluções encontradas.
Conclusão
Se você está achando que o Legal Design é muito inovador, já comece a se preparar para a nova onda que virá nos próximos anos.
Se fazer direito como nos anos 1980 já é ultrapassado, fazer Legal Design para a internet dos anos 1990 também o será em breve.
Se você não quer ficar obsoleto no Legal Design assim como ficaram nossos colegas que ainda atuam como na era da TV de tubo, permaneça em constante atualização, nunca pare de estudar e alimente uma curiosidade genuína sobre o que está por vir.
Só assim você ajudar a construir um direito que dialogue com a sociedade.
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